EXPEDIÇÃO: AMAZONAS, 2018
Entre 7 a 12 de dezembro de 2018, juntamente com Camilo Mattoni (Córdoba, Argentina) e Vinicius Rodrigues (Belo Horizonte, Minas Gerais), realizei uma viagem de coleta no Amazonas, norte do Brasil. Esta foi uma expedição em busca de táxons pouco conhecidos de aranhas e escorpiões. Passamos por diversas localidades nos municípios de Manaus e Presidente Figueiredo.
Ao final, encontramos dois indivíduos de uma aranha que estávamos procurando: Heidrunea lobrita. Esta aranha foi descrita em 1994 por Antonio Brescovit (IBSP) e Hubert Höfer (SMNK) e era conhecida apenas por duas aranhas fêmeas utilizadas em sua descrição. O gênero atualmente encontra-se alocado em Rhoicininae, uma sub-família de Trechaleidae. Nesta expedição duas fêmeas desta espécie foram coletadas. Estes indivíduos serão utilizados para extração de DNA e contribuirão em análises moleculares para testar o monofiletismo de Trechaleidae. Os machos de H. lobrita permanecem desconhecidos.
Dentre os escorpiões, encontramos um total de 15 espécies, pelo menos. Alguns representam táxons mal amostrados e acreditamos ter encontrado pelo menos uma espécie não descrita. Estes indivíduos serão utilizados em trabalhos de citogenética e sistemática filogenética, através de dados moleculares.
Além disto, dezenas de espécies de aranhas, amblipígios e opiliões foram coletados nesta expedição e encontram-se disponíveis para estudos em coleções zoológicas brasileiras.
Dentre as aranhas, podemos destacar Ecitocobius comissator, uma espécie descrita em 1997 por Alexandre Bonaldo (MPEG) e Antonio Brescovit (IBSP) e endêmica da região de Manaus. Esta aranha apresenta apenas dois olhos (a maioria das aranhas apresenta 8 olhos). Indivíduos desta espécie foram vistos caminhando juntamente com uma colônia de formigas-de-correição, exímias caçadoras de outras aranhas. Não se sabe se esta espécie possui o hábito de montar nas formigas, como outras aranhas filogeneticamente próximas fazem.
Gostaria de agradecer a Neusa Hamada (INPA), Adalberto José dos Santos (UFMG) e Lorenzo Prendini (AMNH) pelo auxílio em campo e pelo financiamento da expedição.
Abaixo há algumas fotos desta viagem.